segunda-feira, 18 de julho de 2016

notas sobre ela #1

Notas sobre ela:

Andava permanentemente insatisfeita, sem vontade para fazer nada e com a sensação, no final do dia, de não ter feito nada. Era uma falta de concentração tremenda e que me deixava completamente de rastos.
Precisava de fazer alguma coisa, de analisar a minha vida, de resolver a temperatura morna que nem chá dava para fazer. Nunca gostei de meios termos, de coisas pela metade, não nasci para isso e acredito piamente que a minha vida vai ser muito mais que isso.
O facto de em 2 anos de empresa ter tirado uma semana e 4 dias efectivos de férias também não ajudaram, ia saindo mais cedo, metia um dia ou outro, que normalmente usava para arranjar a casa, ou seja, descansar era muito menos de zero.

Em Junho, decidi que já chegava, que teria de parar, para ficar sã, para dar a volta à minha vida. Fui uma semana para um "casulo", a casa, o mar e eu comigo mesma. Pelo meio livros, muitos livros. Livros que falam da vida, de motivação de como dar a volta por cima. Aos poucos comecei a sentir-me mais confiante, a pensar que possivelmente conseguiria sair do buraco, fazer alguma coisa útil e ser eu mesma. O primeiro passo foi eliminar o Facebook. Percebi, perfeitamente, que as pessoas já têm bastante dificuldade em separar relações, é tudo virtual. Já não se vai às tascas bonitas do bairro porque não tem Wi-Fi, porque ficamos sem Facebook 30 minutos, porque alguém nos pode contactar no Messenger e tudo e tudo. É cada vez mas complicado encontrar uma mesa de amigos que esteja efectivamente a conversar. Será mais fácil encontrar uma mesa de amigos, cujos telemóveis estão permanentemente nas mãos e que apenas 1% da atenção está em quem está a falar connosco. Nunca vi nada tão triste. Decidi mudar e há toda uma vida para além do Facebook.

Comecei a dar muita mais atenção à minha vida do que à vida dos outros, o Facebook contribui e muito para a nossa depressão, não no verdadeiro sentido da doença, mas naquele mau estar de achar que a nossa vida nunca vai sair de lá. Tenho uma novidade: o Facebook é uma fachada. A maioria das pessoas felizes que por lá se encontram, não são verdadeiramente felizes. São frustrados que tentam fazer com que o mundo acredite no que eles também querem acreditar. Sinto-me perfeitamente bem por não saber de qualquer mexerico, por não fazer ideia de que A vai casar, do que B vestiu, do que C visitou e para onde D vai de férias. A minha vida tem-me chegado e é um alívio tão grande. Cada vez que penso que mal chegava ao escritório o que fazia era abrir a dita rede social, o que me vem à cabeça é exactamente "Que desperdício de tempo!". 


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